Dizer adeus para alguém que você tanto se importa e notar o relógio passando enquanto de um ponto ao outro a sua mente nublada é capaz de pensar apenas no fato de que aqueles serão os últimos minutos que você estará naquela sala, com aquela companhia, sem saber quando será a próxima vez que a verá. E se verá.
Não há otimismo que aguente quando há um buraco dentro do peito, que se esconde atrás daquele bonito sorriso o qual tantas pessoas elogiam e se encantam.
Eu não sei como cuidar dessa dor, a cada falha tentativa de acolhe-la caminho um passo a mais para uma queda que me recuso cair, e, a cada adeus findado, se faz ainda maior esse buraco dentro e fora de mim.
Dói olhar para trás e mesmo sem querer se questionar “será que eu realmente aproveitei enquanto não precisava manter os olhos nos ponteiros? Será que eu dei tudo de mim? E se eu pudesse voltar as horas no relógio, traria aquele momento de volta?”
Quando paramos para pensar em todas a vezes que poderíamos ter estado mais perto, mas não o fizemos.., dói. E hoje, nem ao menos pensar que a vida era ocupada demais naquela época nos faria sentir o suficiente para nos perdoarmos, porque talvez não fôssemos, ou, até mesmo sabendo que aquilo era tudo o que tínhamos naquele momento para doar... Dói!
Questionamentos correm a mente como água de fonte, mas não passam de uma nuvem cinzenta que atormenta as ideias fazendo chover o coração.
Será que se soubéssemos que aquela seria a última vez que veríamos aquelas pessoas, será que teríamos aproveitado as 15 últimas vezes como se fosse de fato as últimas? Afinal, no final, uma delas sempre é.
Será que se soubéssemos que aquelas últimas vezes fossem uma contagem regressiva para um definitivo adeus, será que teríamos feito algo diferente?
Será que teríamos colocado os celulares no bolso e o coração na mesa, e com um olhar atento e doce estaríamos ali presentes, vivendo aquele momento, cada olhar, cada palavra, cada sorriso.. cada singelo segundo.
Carrego cá dentro de mim aquela dor da perda, da falta e da saudade que eu não sei se um dia curarei, a dor do adeus que eu tinha certeza de que os veria novamente e viria a ser um “oi, eu voltei!”
Foram dias de luta em que estive em guerra comigo mesma, enquanto ajoelhava todas as noites e encharcava o travesseiro pedindo e implorando com meu coração.. só mais uma vez!
No final eu perdi pra mim mesma, quando em menos de um segundo com o último suspiro aqueles olhos se fecharam pela última vez, e a única coisa que me restou foram algumas fotos naquele mesma tela, aquela tela que por muitas vezes me roubou de olhar naqueles olhos.. que irônia!
E um par de áudios que eu guardo com muito amor para não esquecer as suas vozes.
Hoje me despeço de uma amiga que está apenas mudando sua rota, buscando a felicidade que todos nós procuramos encontrar nessa experiência da vida, me despeço com a certeza de que a verei de novo, enquanto cá dentro de mim já não há chamas queimando, mas um rio se formando com o coração que está chovendo, e, que se faz chuva com medo de que seja mais uma vez um adeus, e não um até logo.
Mas por que não me despeço da dor com um adeus, pedindo a Deus para despedaçar a dor e não o peito?!